Ajuste do salário mínimo para 2025 desagrada e expõe limites do governo Lula
O governo Lula pretende fixar o salário mínimo em R$ 1.518 para 2025, um aumento de R$ 106 em relação ao valor atual de R$ 1.412. Apesar do reajuste acima da inflação (7,5%), o ganho real será menor do que o esperado devido a novas regras do pacote de corte de gastos, estabelecidas no início deste mandato.
A fórmula inicial de valorização do salário mínimo — que combina a inflação medida pelo INPC e o crescimento do PIB de dois anos anteriores — indicava que o piso salarial deveria chegar a R$ 1.528. No entanto, o Ministério da Fazenda limitou o ajuste para conter os impactos fiscais, resultando em um valor R$ 10 inferior ao esperado.
Esse corte, aparentemente pequeno, representa uma economia de R$ 3,5 bilhões, segundo o senador Ângelo Coronel (PSD-BA), relator do Orçamento. Especialistas da XP, como o economista Tiago Sbardelotto, estimam que o impacto fiscal pode ser ainda maior, alcançando R$ 4,8 bilhões.
A medida está sendo criticada por setores que apontam para um enfraquecimento do compromisso do governo com a valorização do poder de compra dos trabalhadores. O ajuste, embora positivo frente à inflação, é visto como um reflexo de um governo que prioriza o controle fiscal em detrimento de melhorias reais para a classe trabalhadora.
O salário mínimo é um indicador fundamental para a economia, corrigindo benefícios sociais como o BPC, o abono salarial e o seguro-desemprego. Especialistas questionam se o limite imposto pelo arcabouço fiscal não prejudica justamente aqueles que mais dependem dessas políticas públicas.
Para muitos, o ajuste expõe uma contradição do governo: enquanto a narrativa oficial enfatiza o combate às desigualdades, as ações mostram uma administração presa às regras fiscais que restringem avanços mais significativos para os trabalhadores.
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